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25/01/2021

Apóstolos nas pegadas do “Apóstolo das Nações!”

Foto: Karen Bueno 

Geni Maria Hoss

“Num coração de Saulo caiu aquela fagulha que o transformou em coração de Paulo, em coração de apóstolo” (Fritz Ernst)

Ao entrar no Santuário do Schoenstatt imediatamente nosso olhar se fixa no altar, pois ele ocupa toda a parte da frente. Tamanho, modelo arquitetônico, altar e símbolos estão harmoniosamente dispostos de forma a nos convidar para a oração e reflexão. A ornamentação completa a beleza e o encanto do lugar. O conjunto completo do interior e do ambiente externo em torno do Santuário nos permite sentir-nos “em casa” com a Mãe. Para fazer-nos compreender a importância do cuidado dos lugares sagrados, como é o caso de um Santuário, são oportunas as palavras do Papa emérito Bento XVI sobre a arte sacra: “O nosso testemunho deve nutrir-se desta beleza, o nosso anúncio do Evangelho deve ser percebido na sua beleza e novidade, e por isso é necessário saber comunicar com a linguagem das imagens e dos símbolos; a nossa missão quotidiana deve tornar-se eloquente transparência da beleza do amor de Deus.”[1] A beleza exterior, cujo encanto percebemos pelos sentidos, no mundo da fé, é expressão de um significado mais profundo. Daí a importância de conhecer a origem e desenvolvimento de imagens e símbolos e deixar-nos interpelar por eles.  

 

Em 1934 foi colocado um novo altar no Santuário Original, o modelo que se encontra nos Santuários até hoje. Ele substituiu o altar do começo do Movimento, que contava apenas com a imagem da Mãe e Rainha e a moldura com os dizeres: Servus Mariae Nunquam Peribit (o servo de Maria jamais perecerá), que Fritz Esser havia esculpido em madeira e letras douradas. No novo altar, à direita e à esquerda do Tabernáculo, inicialmente se encontravam as figuras de dois “anjos adoradores”. Elas foram substituídas pelas imagens de Pedro e Paulo em 12 de novembro de 1935.

Hoje somos convidados a voltar nosso olhar, de modo particular, a uma destas figuras: o apóstolo Paulo. Que importância ele tem para ocupar este lugar privilegiado no Santuário?

Para entendermos a relevância de São Paulo no Santuário e no Movimento como um todo devemos ocupar-nos com conteúdo do Congresso de Hoerde (1919). Até aquele momento, Schoenstatt como Movimento de renovação religiosa e moral foi surgindo e amadurecendo no coração do Fundador e dos jovens, que souberam identificar, sempre atentos, as portas que se abriam e indicavam a condução da Divina Providência.

Na ocasião, os jovens congregados, tanto os do seminário bem como aqueles que foram conquistados para os ideais de Schoenstatt nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, debateram sobre futuro da vida nascida em Schoenstatt. Dos resultados deste debate, que o congregado Alois Zeppenfeld apresenta no seu relatório sobre o conteúdo de Hoerde, interessam aqui particularmente três pontos que remetem diretamente à importância do apóstolo Paulo para Schoenstatt: “1. A organização externa, um ramo dos estudantes Congregados de Schoenstatt, com o 20 de agosto de 1919, sai da condição atual e se torna “União Apostólica” 2. A padroeira da União é a Mater Ter Admirabilis, o patrono especial é São Paulo, nosso lema: “Caritas Christi urget nos!” [a caridade de Cristo nos impulsiona]. 3. A meta da União é a educação do apóstolo leigo no espírito da Igreja.”[2]  Aqui vemos como o apóstolo Paulo havia se tornado uma referência para a missão de Schoenstatt.

Antes de continuarmos, lembramos que estas diretrizes são base de todo o Movimento, pois, como diz o próprio Fundador, Padre José Kentenich: “nós subimos ao palco da história com o título União”[3]. Portanto, tudo o que nasceu e cresceu como “União” nos primeiros anos é extensivo as múltiplas formas de vida que se desenvolveram em Schoenstatt, tendo cada comunidade a missão de vivê-las segunda sua própria identidade e missão.

As palavras de Fritz Ernst, dedicadas a São Paulo por ocasião do enceramento do Congresso de Hoerde nos permitem perceber como os jovens presentes nesse importante evento da história de Schoenstatt estavam tocados pelo apóstolo.

“Meus queridos amigos! Das nuvens de Damasco, certa vez, caiu uma fagulha num coração humano. Esta fagulha se transformou em chama ardente, da chama surgiu um grande fogo, que impactava com força os arredores, que se direcionava com força para o céu. Parecia possível ler nele a imponente Palavra de Deus: Caritas Christi urget nos! Num coração de Saulo caiu aquela fagulha que o transformou em coração de Paulo, em coração de apóstolo.” (1969, p. 73). O apóstolo Paulo é referência em seu caminho de conversão, de seguimento de Cristo e do anúncio do Evangelho em todos os ambientes possíveis. Por isso, a motivação enfática nas palavras de envio em Hoerde: “Meus queridos amigos, o dia do ingresso na União Apostólica deve ser também para nós um dia de Damasco. Naturalmente não podemos tornar-nos todos um Paulo, conquistar o título de ‘apóstolo das nações’. Também nem todos podemos partir [para outras terras] como missionários. Porém, uma coisa todos nós podemos: preservar e cultivar o impulso para a amplitude, a profundidade, para a dimensão apostólica.” (1969, p. 75). 

Fritz Ernst acentua em todo o seu texto a consequência da força da graça. A fagulha no coração transformou Paulo, fez do perseguidor, um seguidor de Cristo. O processo de conversão de Paulo foi longo. Ele se retirou para o deserto, ali seu orgulho e ódio se transformaram em amor humilde. No deserto, ele compreendeu a imagem de Cristo e o Evangelho. Com esta riqueza no coração ele partiu para evangelizar, portanto, um apóstolo em saída! São Paulo estava convencido que sua vida nova era fruto da graça: “Pela graça de Cristo, sou o que sou!” (1 Cor 15,10). Neste sentido, cabe ressaltar aqui as palavras do Padre José Kentenich por ocasião do retiro em preparação à consagração definitiva do primeiro grupo de mulheres, da União Feminina, em 1925:

 

O Salvador também quer nos visitar nestes dias, especialmente com sua graça. Também nós estamos diante de uma hora de Damasco. [...] O que a graça fez de Paulo?

¾      Um amante da solidão. Na solidão ele luta com sua natureza, ele reza e jejua. Nós também estamos prestes a ser enviadas. Como foi oportuno entrarmos na solidão do santo retiro, nossa natureza também deve ser transformada em Cristo. Como foi árdua a luta de Paulo até sair dali como o instrumento que hoje admiramos.

¾      Um homem de oração. Ele reza toda a sua vida. "Ele está rezando" Não devemos também nos tornar ainda mais filhas da oração? (cf. At 9, 17)

¾      Um homem de paciência incomensurável. "Tudo posso naquele que me fortalece!” (Fl 4, 13)

¾      Um homem de humildade. A lembrança de seus pecados não o deixou doente. "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!” (2 Cor 12,9).

¾      Um homem com chama ardente para com Deus. Não é dizer demais quando se diz que ele tinha o maior amor por Deus depois da querida Mãe de Deus.

¾      Um homem com incansável e abnegado zelo de alma. Quando a graça tomou conta de Paulo, ele ficou com os dois pés no chão da morte mística. Ele venceu o mundo e ganhou a recompensa de seu grande amor caloroso e seu sacrifício apostólico. "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim"! (Gal 2, 20)

 

Como Movimento Apostólico de Schoenstatt queremos acolher as palavras que empolgaram os jovens em Hoerde e assumir a nossa missão em todos os campos possíveis:

“Devemos considerar como nossa tarefa, que a Divina Providência nos confiou, ser missionários em nosso ambiente, na metrópole moderna. [...] Com a coragem de um Paulo no areópago, nós devemos engajar-nos pelos bens mais nobres, devemos ser fermento na massa, uma coluna de fogo que vai à frente no caminho da superficialidade e escuridão modernas.” (1969, p. 76).  

“Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Como Paulo, o verdadeiro apóstolo não se omite e tem coragem de anunciar a Palavra onde há desafios, resistências e até perseguições, lugares onde o testemunho, tal qual uma “coluna de fogo” que precede o apóstolo, seja a única forma de evangelizar. Também nós hoje devemos ter a coragem de dizer um sim ao chamado missionário e anunciar o Evangelho, pelo ser e ação, nos areópagos que Deus colocou em nosso caminho.

Fonte: https://schoenstatt.org.br/2021/01/25/sao-paulo-e-o-movimento-de-schoenstatt/

 

 



[1] Papa Bento XVI. Universalidade da beleza: confronto entre estética e ética, 2008. Disponível em: http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/pont-messages/2008.index.html#messages

[2] Alois Zeppenfeld. In: Diözesanrat des Schönstattwerkes, Paderborn. Hörder-Dokumente, Bonifacius-Drukerrei Paderborn, 1969, p. 87.

[3] J. Kentenich. Palestra por ocasião da celebração dos 30 anos de existência da Liga Feminina de Schoenstatt, 9 de junho de 1950.

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